(Sem Título)

(Sem Título)

EM BUSCA DE UM DESTINO

INTRODUÇÃO
O destino, quem pode traçá-lo a não ser Deus?
Se soubéssemos o que nos reserva ao darmos o próximo passo, com certeza
pensaríamos duas vezes antes de tomar qualquer decisão e saberíamos
escolher o melhor para nós e nossas famílias.
Porém, sempre em busca desse melhor, muitas vezes damos com os "burros
n'água", e quando chega o arrependimento já é tarde.
Baseado nesse contexto EM BUSCA DE UM DESTINO, faz uma homenagem
aos meus pais que sempre atrás de melhores dias, vão em busca do seu destino
promovendo mudanças e mais mudanças pelo Estado de São Paulo e do Brasil.
Fala das mazelas do autoritarismo militar a partir de 1964, passando pela história
do rock'n'roll, do fenômeno da Beatlemania, do porquê do assassinato de John
Lennon que de músico passou a ser também ativista, e do movimento Jovem
Guarda.
Como bom santista não poderia deixar de falar também do fenômeno da década
de 60, Santos Futebol Clube.
Entra na esfera religiosa, contando as aventuras como membro da Igreja de
Unificação - AESUCM - Associação do Espírito Santo para Unificação do
Cristianismo Mundial, conhecida pejorativamente como Seita do Reverendo
Moon, onde acaba por se tornar missionário.
Mostra também como o personagem Renato não tinha sossego quando o
assunto se tratava de mulher.
Os nomes das pessoas aqui citados são fictícios mantendo-se apenas o nome
dos líderes da Igreja de Unificação reverendo Moon e reverendo Kim líder da
Igreja no Brasil e também nomes como o de Waldir Perez Arruda, goleiro do
Garça, Ponte Preta, São Paulo, Corinthians e da Seleção Brasileira e e outros
nomes que não podem e nem devem ser trocados.
O fato de ter usando nomes fictícios foi:
A falta de tempo para buscar as devidas autorizações das pessoas envolvidas,
mantendo-lhes a integridade, mesmo por que algumas delas já não se
encontram entre nós.
E.T. O livro não passou por revisão e qualquer erro peço a compreensão de
todos.
As fontes pesquisadas são: aboladabola - Informações esportivas (referentes ao
Santos F.C.) - A Ditadura Militar e outras informações) Livro B-Rock de Artur

Dapieve (referente a alguns assuntos sobre o rock brasileiro) A Música do século
XX (referente à história dos Beatles e do rock'n'roll) Jovem Guarda - Nos
Embalos de uma década cheia de Brasa. Mora! de Ricardo Pugialli (referente ao
movimento do mesmo nome).
O livro é dividido em dez partes para que a leitura não se torne cansativa.
Ao final tem o índice de cada parte, peço que antes de iniciar a leitura, observem
esse índice.
Obs. Sobre as cidades relatadas aqui, as mesmas podem ser pesquisadas em
sites de busca, pois fica impossível, passar informações reais do que eram nos
anos em que foram visitadas.

Roberto Fernandes

BIOGRAFIA

Roberto Fernandes - 26/02/1951
Santos – SP
Funcionário Público Municipal
Professor de Informática Básica e Coordenador de Projetos de Cidadania da
Escola de Informática e Cidadania - Valongo - Eic Valongo - Santos – SP
Diretor da E.T.A. (Equipe de Teatro Amador)
Conselheiro Administrativo do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais
de São Vicente - São Vicente – SP
Conselheiro Fiscal da Caixa de Saúde dos Servidores Municipais de São Vicente
- São Vicente - SP
1° Secretário do Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência
- São Vicente – SP
Presidiu a Cerimônia de Posse da Diretoria da ASCOPI - Associação
Comunidade do Píer (São Vicente) no Plenário da Câmara de São Vicente.
Participou da Encenação da Fundação da Vila de São Vicente por três anos
(2013, 2014 e 2015) como nobre da corte de Portugal. A encenação mostra a
chegada de Martim Afonso de Souza para fundar a primeira Vila do Brasil. São
Vicente.

Trabalhou como locutor em várias rádios comunitárias da Baixada Santista com
um programa de duas horas criado por ele com o título "Galeria de Sucessos" e
escreveu esse livro que você agora tem em mãos.
Atualmente aposentado mora em Embú Guaçú SP , onde é locutor voluntário da
Rádio Comunitária Paradise FM com o mesmo programa que o acompanha a
anos "Galeria de Sucessos".

AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus pais (in memoriam) sem os quais não seria possível
iniciar uma única linha do livro.
A minha amiga Maria Cristina Prado (Garça/Barretos) que me incentivou a
escrever essas memórias. A minha ex-sogra, que me forneceu todo o material
referente à Igreja de Unificação do reverendo Moon. A minha ex esposa Nina e
meus filhos Fernando e Felipe que sempre me incentivaram e, a todos que de
uma maneira ou de outra participaram dessa aventura.
Agradecimento especial à minha esposa Tatiana.

PARTE UM
O início em Barueri SP
A história começa na cidade de Barueri, interior de São Paulo no ano de 1956.
Seu Carlos vai com a família: Dona Gisa, o filho Renato de 5 anos, e o mais
novo, Reinaldo com 3 anos de idade.
Mudaram de Santos para lá, por causa de um convite feito a ele (desempregado),
para tomar conta de um sítio na cidade.
O sítio é grande, com um pomar, onde vários tipos de árvores frutíferas crescem.
Próximo ao sítio um enorme lago, onde costuma pescar nos fins de semana.
Aproveita para além de ganhar seu salário como caseiro, faturar um troquinho a
mais, vendendo frutas e os peixes que pesca, no centro da cidade.
A vida para as duas crianças é própria de quem vive no meio do mato, apenas
em contato com os pais, por isso quando chega alguma visita em casa seja de
parentes de Santos, ou amigos do pai, eles correm se esconder debaixo da
cama.
"Verdadeiros bichos do mato", dizem os parentes.

Afora isso, o divertimento dos dois é correr por entre as árvores, e brincar no
balanço que seu Carlos fez para eles aproveitando uma das árvores do pomar.
Ir para perto do lago nem pensar, é muito perigoso.
É numa dessas brincadeiras que Reinaldo quase se dá mal.
Tapando a cabeça com um saco de açúcar, deixando apenas os buraquinhos
para os olhos a boca e o nariz, ele está brincando com Renato de pega-pega.
De repente cai de cabeça no córrego que atravessa o sítio e desemboca no lago.
Apavorado Renato corre para casa, para avisar a mãe, mas está tão nervoso
que só faz gesticular e apontar para o córrego.
Pressentindo o que está acontecendo, dona Gisa corre para o local que Renato
está apontando.
Chama um rapaz que sempre àquelas horas, está nadando ou pescando no lago
que consegue tirar Reinaldo do córrego. Paulo é seu nome.
Agradecida dona Gisa, mesmo com Reinaldo já fora de perigo, o leva ao hospital.
Á noite, quando seu Carlos chega de mais um dia de vendas na cidade, fica a
par dos acontecimentos. Convida Paulo para comer uma carpa que ele havia
pescado e trava-se ali uma amizade.
Seu Carlos o chama para jogar no time que eles estão formando no bairro e
Paulo aceita.
Essa é a vida rotineira da família. Para seu Carlos, vender peixe e frutas na
cidade e no fim de semana bater uma bolinha. Para dona Gisa, as costumeiras
tarefas caseiras, e para os meninos, brincar, correr e se esconder das visitas.
Mas aquela rotina, porém, estava terminando.
De volta a Santos
Seu Carlos consegue um emprego como (condutor) de bondes em Santos.
Estamos no ano de 1958, e a família se encontra agora no Bairro do José
Menino, na casa dos avós paternos.
Renato já está com sete anos, estuda na Escola Brás Cubas.
O primeiro dia de aula foi marcado por muito choro, pois a mãe o havia levado
até a porta da escola, e como nunca havia se separado dela, ficou desesperado
quando teve que entrar sozinho para a sala de aula. Dona Gisa prometera que
no final da aula o buscaria, mas, mesmo assim foi difícil conter o choro.

Ela trabalhava em um laboratório de fotografias e sempre dava um jeitinho de
sair para apanhá-lo na escola, e levá-lo para casa, onde ficava em companhia
do irmão e dos avós.
Nesse mesmo ano dona Gisa deixou o emprego para se dedicar mais aos filhos,
pois estavam de mudança para a Vila Margarida em São Vicente, onde seu
Carlos conseguira comprar uma casinha.
Vila Margarida e a cadelinha Diana
Renato então vai estudar no Colégio Martim Afonso.
Costuma ir a pé para a escola, sempre escoltado por sua vira-lata Diana, que o
deixa na porta da escola e depois volta sozinha para casa.
O incrível é que ela pressentindo a hora em que Renato termina os estudos, vai
para lá para acompanhá-lo de volta. (isso porque os animais não pensam).
Alguns meses depois, seu Carlos chega em casa à noite eufórico, e comenta
com dona Gisa, que recebeu uma proposta de trabalho do IBC Instituto Brasileiro
do Café. Órgão Público Federal criado em 1952.
Ele já tinha mexidos os pauzinhos, tempos antes através de alguns políticos da
cidade, e agora estava sendo recompensado.
Sua função: (fiscal no cais de Santos).
A separação
No início de 59, recebe outra proposta, mas desta vez do próprio IBC, para
trabalhar na Capital onde além do salário, irá ganhar o que ele chama de diária.
A disponibilidade para o serviço é de um ano, mas dependendo da safra de café
pode se estender por muito mais tempo.
Conversa com dona Gisa que se mostra apreensiva.
- Mas... e o Renato, como vamos fazer com os estudos dele?
- O Renato não vai conosco, minha ideia é vender esta casa, e ir embora. Ele vai
ficar com sua irmã Bel, daqui a pouco vamos à sua casa para conversar com ela.
Tenho certeza que nem ela nem o Wilson irão se opor.
- Ai meu Deus, vamos ter que nos separar de nosso filho?
- É só por este ano, depois ele vai conosco, pois pretendo ficar muito tempo lá.
O local para onde ele irá chama-se Jaguaré, um bairro de São Paulo, cujo
armazém, está necessitando de um bom fiscal furador, e seu Carlos se enquadra
perfeitamente no que eles precisam.

Chama Renato depois da janta, e conversa com ele que não acredita no que
está ouvindo. Vão embora para outro lugar e não querem levá-lo?
- Olha será por pouco tempo, logo você termina o ano na escola e poderá vir
conosco.
- Mas pai, estamos no começo do ano, até dezembro tem muito tempo.
- Eu prometo que nos finais de semana descemos para ficar com você, ok?
Inconformado, Renato vai para seu quarto e não consegue dormir, só faz chorar,
com o coração apertado.
Mas infelizmente está tudo resolvido.
A casa é vendida, e Renato vai morar com os tios.
O que o entristece também, é o fato de não poder levar Diana.
Mas com ou sem tristeza lá estava ele na casa dos tios.
Tinha duas primas e um primo (Sandra, Sonia e Wilsinho).
Os pais realmente desciam a serra nos fins de semana para visitá-lo e
passeavam pela praia.
No domingo a noite já pressentindo o desfecho da segunda feira, se recolhia a
um canto para chorar.
A mãe vinha consolá-lo, dizendo que na manhã de segunda, o pai vai levá-lo.
- Mas você tem que prometer que vai estar acordado, senão teu pai não te leva.
Como ele não acordava (porque não o chamavam), ele não viajava, e quando
acordava e via que tinha sido enganado, os ouvidos dos tios e primos é que
sofriam com sua choradeira.
Toda final de semana essa história se repetia.
E toda segunda feira, a choradeira também. (claro que o pai nunca iria levá-lo
porque na segunda era dia de aula).
Um dia Renato resolveu que não iria dormir naquele domingo.
- Quero ver se meu pai me leva ou não, pensou.
Ficou acordado até às 4 da manhã, sem fazer barulho, pois os primos dormiam
no mesmo quarto.

Quatro e meia, seus olhos já não acompanhavam seus pensamentos e o sono o
dominou.
Conclusão: Foi o dia que mais tarde ele levantou.
Dessa vez nem teve tempo de chorar pois estava atrasado para a escola.
O pior de tudo foi saber que os pais religiosamente acordavam às 5 horas, ou
seja: por causa de meia hora, ele acabou vendo seu plano falhar.
Mas as férias do meio de ano estavam chegando e o pai prometera levá-lo para
o Jaguaré.
Contava nos dedos, os dias, as horas, os minutos e os segundos.
E as férias chegaram.
Férias no Jaguaré
No dia da viagem, parecia outra criança.
Estava alegre, sorridente e muito feliz.
Para ele Jaguaré que só ouvira falar da boca do pai, era um outro mundo.
São Paulo era um outro mundo, para quem estava acostumado com Santos e
São Vicente.
Nem o Guarujá conhecia ainda.
E foram as férias mais gostosas de sua vida (se bem que estas eram suas
primeiras férias).
Todos os dias seu Carlos levava ele e Reinaldo ao armazém onde ele trabalhava
e os dois se divertiam correndo por entre as sacarias de café.
Renato gostava de ver o pai trabalhando.
Tinha um objeto cilíndrico na mão ao qual ele chamava de furador. Uma espécie
de punhal com uma abertura onde os grãos de café, deslizavam indo parar na
palma de sua mão.
- Põe na 5a, mete na 3a, enfia na 2a, gritava ele para os homens que em fila,
passavam por ele com sacos de café na cabeça, cada um pesando 60 quilos.
A frase do pai referia-se ao tipo de café que lhe chegava à mão.
Cada tipo ia para a pilha certa nos corredores do armazém.